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Sou contra abreviações

Updated: Jul 12, 2023

Meu problema com abreviações começou faz tempo, lá para terceira série quando galera usava MSN e eu era uma das únicas que digitava “você” ao invés de “vc” porque não entendia a necessidade de encurtar palavras e economizar um milicentésimo de um segundo da minha vida.


Admito que depois que veio twitter até que faz algum sentido usar uma abreviação aqui e acolá, mas entre twitter e as minhas professoras de português, escolho ficar do lado delas. As pobre coitadas sofriam ao ver um “vc” na redação de classe e eram obrigadas a fazerem um discurso antiquado para sala inteira, falando que a gente tinha que aprender a forma correta de se escrever e que computador não ia pegar (risos). Se a sigla não era em cursivo então, era pelo menos 10 minutos sem recreio para turma toda. Caos total!


Acho abreviações um perigo para mentes com imaginação fértil como a minha. O conjunto de letras aleatórias toma significados diversos na minha cabeça e já me causaram inúmeros constrangimentos que revelam tanto a minha ignorância em cultura pop quanto alguns dos meus maiores desejos.


Por um tempão, achava que meus colegas da faculdade norte-americanos digitavam um “k” extra para dizer que gostariam de fazer alguma coisa (I’d = I would). Mas era só I don’t know = “idk” mesmo, o que estava meio errado já que eles nem usavam a expressão em seu sentido intransitivo, mas não quero me alongar. Também não sabia que “omw” era estou chegando ou que “eta” era pode sentar que vou demorar um pouco, ou que “sec” era um segundo. O único que aprendi muito rápido foi “u” para dizer “you” mas também pudera né?


Cheguei a acreditar que o “g” do “my G” era “my girl” nas mensagens que o cara que eu ficava me mandava, mesmo ele sendo zero romântico e sabendo que de girl dele eu não tinha era nada. O G na verdade queria dizer “gangster” na expressão em inglês, o que também não faz nenhum sentido porque ele me chamaria assim, mas isso já é outra história.


Já tentaram me explicar que abreviações são necessárias no marketing e na propaganda, porque as pessoas querem expressões que causam impacto. Reconheço que as vezes isso é verdade, como a abreviação do projeto de financiamento de energia renovável na Argentina que se chama FODER ou "Fondo para el Desarrollo de Energías Renovables". Sim, podem pesquisar que é verdade. Passei uns 5 minutos rindo sozinha no meio do escritório hoje por conta dessa bobagem. Me deu uma vontade danada de mandar e-mail para o Banco Mundial falando "não fode cara", mas decidi me conter e ser diplomática.


Abreviações são como um apelido, eles dizem.


Mas não, não consigo me conformar. Abreviações não são igual apelidos porque elas são desprovidas de carinho e sentimento. Apelidos requerem intimidade, cumplicidade e respeito. Abreviações são para qualquer um, mostra desleixo e pressa, nada a ver com amor e carinho.


A expressão “vem cá, Liquinha”, é banhada de amor, de intenção, e de companheirismo. Ninguém nunca chegaria para o seu amor para falar Eh Teh Ah ao invés de eu te amo. Que coisa deselegante e de mal gosto.


Decidi adicionar abreviações para lista de coisas que sou contra, junto com pepinos, e Frisbee para humanos. Admito só que sigo ansiosa só para saber a sigla da segunda rodada do programa de financiamento argentino. Esse sim promete impacto.

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2 Yorum


Luiza Lodder
Luiza Lodder
12 Tem 2023

tbm nao curto pepino

Beğen

Marcela Melucci
Marcela Melucci
11 Tem 2023

Omg luv it lol

Beğen
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