A dúvida se eu ia sair ou não da minha academia já estava instalada desde que comecei o contrato de um ano. No fundo sempre soube que era desnecessariamente cara, mas sou millennium e cresci me convencendo de que mereço toalhas com cheiro de lavanda sim.
Na hora de renovar o contrato me passou pela cabeça se vale a pena continuar a insistir no erro. Por um breve momento me convenci que não ia conseguir abrir mão da toalha com cheiro de lavanda, e que desfrutava de outros benefícios ridículos que eles ofereciam, tipo a sauna que só entrei duas vezes.
Até que me chega um e-mail deles do final do ano com o assunto: “não acreditamos em janeiro”. Oi?
O jeito que a academia se despediu do ano foi o meu jeito de despedir dela. O e-mail falava que janeiro não existia, que temos que estar disposto todos os dias, que recomeço era para os fracos e que continuação era superação, independente do mês ou ano.
Achei brega e de tremendo mal gosto. Em pleno 2023, janeiro existe para caralho, principalmente para quem é brasileiro e viu Lula derrotar Bolsonaro democraticamente. Primeiro de janeiro começou com alegria e festa em Brasília, e é sempre bom começar o ano feliz.
É verdade que não precisamos de janeiro para mudar, mas acreditar em janeiro é dar valor a importância do recomeço. É saber que está tudo bem quando não está tudo bem, e que a vida move em círculos e não linhas.
E acho que janeiro para mim é sobre isso. É sobre saber recomeçar mesmo sendo difícil, mesmo cansada, mesmo com o coração na mão. Para mim janeiro é sempre um pouco de esperança, uma prova de que a vida anda para frente, uma oportunidade de refletir e calibrar o que queremos para nós.
Então é isso. Entre janeiro e a academia, escolhi janeiro sem olhar para trás.
Esclareço que ainda estou em busca de uma academia que acredite em janeiro. Aceito recomendações.
"sou millennium e cresci me convencendo de que mereço toalhas com cheiro de lavanda sim" -- me identifiquei!!!!